jesus freakMúsica cristã contemporânea começa uma má batida hoje (irônico, já que a batida do rap cristão é um dos pontos fortes). Por quê? Vamos começar com o “Jesus é o meu namorado” canções de artistas que ficam fazendo malabares na cerca de arame farpado entre secular e cristão. Desde Debby Boone disse que “You Light Up My Life” (você ilumina minha vida) era uma canção de amor a Deus, artistas cristãos têm litros de xarope sentimental para o consumo em massa. Observadores mais cultos desprezam a MCC (Música Cristã Contemporânea) por ela sacrificar a integridade artística para copiar arte do mundo e criar uma subcultura. Os Teologicamente astutos pensam na MCC como nauseante por sua falta de precisão, o seu retorno em clichês heterodoxos, ou frases espiritualizadas demais.
Todas essas críticas têm algum mérito. Mas eu sou cada vez mais grato pela MMC que foi a trilha sonora durante a minha adolescência. Nas últimas semanas, tenho revisitado algumas músicas da banda DC Talk, já que este é o ano em que seu aclamado álbum, Jesus Freak, completa 20 anos. Conforme escutava, fiquei impressionado por quanto suas canções me fortaleceram. Esta era uma banda que colocou letras ousadas no estilo “falo na tua cara” no estilo gritado do rock e rap, e a música era completamente determinada a manter você longe do inferno e seus efeitos.

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“Free at last”, por exemplo, procurou dar à molecada cristã uma narrativa que era contra a cultura aceitãvel, principalmente qunado se tratava de questões de moralidade. “Luv is a verb”, por exemplo, tentava resgatar a palavra “amor” à parte do significado de “sexo”, enquanto “That Kinda Girl” e “I Don’t Want it” eram hinos que promoviam abstinência e castidade. Alguns podem dar risada de quanto elas soam piegas nos dias de hoje, mas há algo cativante em sua seriedade. “Socially acceptable” fazia comentários duros sobre a cultura americana, advertindo sobre “justificar o pecado, transformando tudo em cinza”, e “sincronizando-se com a maneira da sociedade”. Condenando o “lançar-se de cabeça na decadência e relativismo”, a canção contunua apelando sobre aos olhos de quem isto está certo… hoje são pecados socialmente aceitáveis.
Se o sexo, drogas e rock-and-roll são a trindade profana dos perdidos, então dcTalk estava determinado a usar rock-and-roll para virar o jogo sobre sexo e drogas. No momento em que “Jesus Freak” foi lançado, a banda tinha lançado uma mistura de rock e rap, mantendo seu comentário social. “So Help me God” (Deus me ajude), foi um grito de socorro no meio de ser “bombardeados” por “filosofias que satisfazem a superfície.” “Colored people” procurou resgatar aquilo que era um insulto racial, a fim de mostrar o poder da reconciliação aceitando a diversidade criativa de Deus ao criar uma humanidade multi-colorida. Enquanto isso, “What have we become” convida o ouvinte a se escandalizar com o “povo controlado por prazeres” que nos tornamos.

Mas as canções mais populares da banda DC Talk eram sobre a aventura de se atrever a desafiar o mundo. “Jesus Freak,” a canção assinatura do grupo, tornou-se o hino de uma geração de jovens que estavam chegando a um acordo com o fato de que a vida cristã será cada vez mais “louca” para um mundo perdido. A canção atingiu um acorde com os adolescentes, pois capturou a angústia de “não se encaixar” e perguntando o que todos os outros vão pensar. Em 1998, “Into Jesus”, o primeiro single de Supernatural, tinha resolvido a angústia. Aqueles de nós cantando não estavam mais se perguntando “O que as pessoas vão pensar?”, mas em vez disso, declaramos a nossa identidade, “Ei, você! Eu estou em Jesus. Eu vi a verdade, e eu acredito”, já não é o adolescente despretensioso preocupado em ser visto como uma “aberração de Jesus”, este ouvinte é já um evangelista chamando outras pessoas para se juntar a ele.

Os sucessos do dc Talk fizeram com que alguns se perguntassem se a banda iria seguir a onda e sacrificar sua identidade cristã. “My Friend (So Long)”, respondeu esses rumores com um desafiante “Nunca!”. Foi a reação do grupo para um membro da banda fictícia de trair sua vocação cristã e abraçar o comprometimento com o mundo. A canção pula para trás e para frente de raiva e tristeza, com uma declaração de amor infalível da banda para Aquele com quem tem compromisso, mas também um novo compromisso firme de nunca se juntar a ele na busca do mundo popularidade. A mensagem soa em alto e bom som: “Sempre vou te amar, mas nunca irei me comprometer.” Refletindo sobre “My Friend (So Long)” eu não posso deixar de pensar sobre alguns dos meus amigos do grupo de jovens que deixaram o cristianismo. Alguns cairam diante de um estridente hedonismo libertário de direito, enquanto outros foram para o lado “emergente”, mas acabaram emergindo completamente da igreja. Ouvindo novamente esta música me faz pensar como ela pode ter moldado a minha resposta a amigos afastados.

Nem toda a música de dc Talk foi no estilo “destemida” e “falo na tua cara”. A baixinha e introspectiva “What if I stumble” (E se eu cair) começa com Kevin Max citamdp Brennan Manning: “A maior causa de ateísmo no mundo é cristãos que confessar Jesus com os lábios e depois negá-Lo com o seu estilo de vida. Isso é o que um mundo descrente simplesmente encontra inacreditável “. A canção, em seguida, captura a luta interna de um jovem que se preocupa com as consequências de cair em pecado. Será que o seu pecado levar outros enganados? Será que eles vão decepcionar os seus amigos e família? Ouvindo hoje a letra e melodia triste, eu queria que dc Talk tivesse sido mais fundamentado no evangelho ao dar resposta a essa pergunta. O evangelho não é para aqueles que nunca tropeçam, mas para aqueles que o fazem – de novo e de novo, mas se levantam ao arrependimento. Ainda assim, quando colocado dentro de seu trabalho geral, vejo como estas canções funcionam como uma “canção de fortalecimento.” Ela exorta o ouvinte a considerar o que o tropeçar em pecado vai fazer para a reputação e a causa do evangelho.

Não dc Talk não precisa se relançar. Eles já estão na MCC. Kevin Max se tornou o vocalista da Audio Adrenaline, Michael Tait foi para News Boys, e Toby Mac teve sucesso como artista solo. Em suas canções recentes, ainda se vê o aspecto de “fortificação” de sua música. Por exemplo, a música Newsboys “We Believe” (Cremos) começa com um contexto de “desespero”, “dúvida e medo”, antes de lançar em uma forte confissão de fé na salvação através de Cristo.

A Musica Cristã Contemporânea dos anos 90, apesar de todas as falhas de sua criatividade brega (muitas dos quais estão ainda mais gritantes e evidentes com o passar do tempo), foi bem sucedida em um sentido fundamental. Ela deu a mim e à minha geração uma narrativa diferente. Foi uma sub-cultura, sim, mas não importa o quanto alguns podem zombar, era uma cultura, e as culturas são formativas. Vinte anos mais tarde, é o elemento de “fortificar a fé” em tantas canções de dcTalk que permaneceu comigo. E por isso, eu sou grato.

Trevin Wax

Artigo Original por The Gospel Coalition