Por que temos tanta dificuldade em falar sobre as coisas de Deus?
O livro de Jonas é talvez um dos mais irônicos livros do Antigo Testamento. Irônico porque é uma comparação entre o senso de justiça de Deus e o senso de justiça de um profeta consagrado que ainda assim era homem.
Contexto:
A história do livro de Jonas aconteceu por volta de 780 a.C., logo no início do período do Reino dividido. Jonas era um profeta consagrado e destemido, que chegou a falar contra as atitudes de um rei extremamente carismático em Israel (2 Reis 14.25).
A nação passava por um período de prosperidade financeira e paz, mas se adentrava por um caminho de frieza espiritual. A nação estava dividida, e começava a aceitar práticas pagãs racionalizadas, transformadas em “judaicas” (bezerro chamado Yahweh). O povo tinha a religião como simples analgésico espiritual.
Neste contexto, Jonas é chamado para falar à Nínive, capital da Assíria. A mais cruel, sanguinário, idólatra nação daquela época.
Jonas diz não à mensagem que o Senhor queria que ele entregasse à Nínive, por alguns motivos que entendemos melhor no final do livro. Talvez ele chegou a pensar, “tudo bem que o povo de Israel está ruim, mas eles são piores! Pra que eu perderia meu tempo levando uma mensagem pra eles?”
A ironia no livro:
• Os estrangeiros “pagãos” que estão no navio com ele são mais piedosos que o próprio profeta, e entendem a tensão entre “se um Deus tão poderoso lhe mandou fazer algo, por que não fez?” – v.10
• Os marinheiros têm o coração mais ensinável que o próprio profeta v.12-13
• Jonas “evangeliza” sem querer, e através da rebeldia ensina àquelas pessoas quem era Deus. V.16
Jonas somente aprende quando está na pior, na barriga do peixe, onde faz uma das mais belas orações da Bíblia.
Mas… quando vai entregar a mensagem à Nínive, o coração dele ainda continua o mesmo.
CAP 4
Jonas esperava o castigo daquele povo, quando não aconteceu, ficou profundamente descontente. Deus então lhe dá uma ilustração do quanto significava pra ele aquela nação.
Jonas era, de certa maneira, como a nação judaica estava naquele tempo. A nação se sentia superior às outras, auto-suficiente, detentora de todo o amor de Deus.
Deus faz Jonas passar por uma situação parecida com a que ele gostaria que o povo de Nínive sofresse. E nesta situação, Jonas mostra ter um coração mais sensível às SUAS necessidades do que aos interesses de Deus.
O livro faz uma excelente comparação (irônica) entre:
• o que a nação de Israel estava deixando de fazer com o que Deus esperava que fizessem
• a Nação de Israel e a Assíria
• Jonas e a Assíria
Mas, maior que isto tudo, a grande lição do livro não é sobre Jonas, não é sobre Israel, mas é sobre Deus. Deus se importa, e quer que nos importemos também.
Como nós temos nos importado com o que Deus se importa?
Como você tem considerado amar as “outras nações”?
Como igreja, será que temos desenvolvido aquilo que Deus espera de NÓS? Para que existimos como igreja?
Por que não temos falado? Por que as pessoas não são dignas? Por que a mensagem não é realmente importante? Por que nunca entendemos direito a mensagem?
Será que temos falado somente àqueles que nos interessam ou temos falado também àqueles que precisam?
Seja o que for, precisamos tomar uma postura antes de pararmos na barriga do peixe.