O que é fazer missões no cristianismo? É muito comum uma visão antiga que trabalho missionário é apenas em comunidades pobres de países distantes, ou mesmo ir aos rincões do país falar com pessoas que você não conhece. Ok. Isso também é missão, mas, para o cristão, trabalho missionário é em qualquer lugar e em todo o tempo.

Na história da igreja, logo cedo, pelo que é visto em atos, não existe distinção entre pobres, ricos, próximos ou distantes no que diz respeito à propagação do evangelho. O termo “missões” (um termo muito mais moderno e amplamente usado pelo movimento do Evangelicalismo) era muito mais singular – a “missão da igreja” – que estava relacionado a levar o Evangelho aos confins da terra (sem distinção de classe social, poder político ou aquisitivo, gênero ou etnia).

O levantamento de recursos para viagens ou investidas em determinadas cidades era feito simplesmente pelo objetivo do cumprimento da missão (que era levar o Evangelho a pessoas de todo o mundo). Há quem diga que o movimento missionário atual erra por enviar pessoas a países chamados “ricos”… bem, o que é “rico” pode variar muito dependendo de onde você vem. A chamada igreja primitiva espalhou-se com tanto poder exatamente porque não desprezava ninguém. Os cristãos do primeiro século se importavam com gente que não importava a mais ninguém (como pobres, doentes, viúvas, orfãos, etc), mas também se importava com gente que importava a todo mundo (nobres, comandantes, etc). [ um livro muito legal para ver sobre isso é o “the Rise of Christianity” e “Cities of God” ainda não publicados em português].

No livro de Atos, o apóstolo Paulo vai a cidades que não se encaixariam nos padrões do evangelicalismo de “Missões”. Cidades como Atenas, Tessalonica, Antioquia; outras cidades de cartas conhecidas como Corinto, Éfeso, ou mesmo Roma – eram todas cidades centrais, importantes e influentes. A questão, não era o poder aquisitivo da região, mas a necessidade de pessoas precisarem ouvir o Evangelho.

Por causa desta visão míope do que significa fazer a Missão, existem missionários que mesmo em países em desenvolvimento ou abaixo da linha da pobreza que vivem bem para os padrões locais mantêm uma expressão pública nas redes sociais ou mesmo um famoso “álbum dos mantenedores” com fotos e videos que não reflete o dia a dia deles – não porque estejam fazendo algo errado, mas porque É de se notar que há países e áreas da cidade que são esquecidas. Eventualmente isto acontece porque pessoas são desprezadas no filtro do “fazer missões”. E isso vale tanto para pessoas que pensam que missões é apenas em lugares pobres ou pessoas que pensam que missões é apenas em lugares ricos.

Existe necessidade em todo lugar. Por exemplo, esta é uma lista dos países maior porcentagem de ateus no mundo: Suécia 85%, VIETNÃ 81%, DINAMARCA 80%, NORUEGA 72%, JAPÃO 65%, REPÚBLICA TCHECA 61%, FINLÂNDIA 60%, FRANÇA 54%, COREIA DO SUL 52%.

Mas, ateus não é exclusivamente o único dado que espanta no mundo. O crescimento de “não religiosos” pelo mundo antigamente considerado cristão é alarmante. Locais como Inglaterra e Estados Unidos estes números assustam. Os números dos EUA chegam a uma projeção de entre 27 e 36% da população se declarando não-religiosa. No Canadá, o numero é de 23%. No Reino Unido, 53% da população se declara não religiosa. No Brasil, a categoria SEQUER existia em pesquisas até pouco tempo atrás (era colocada como “não praticante”) – o numero subiu de 0% em 1980 para pouco mais 10% em 2010.

Propagação do evangelho não tem filtros financeiros, sociais ou políticos, de fronteiras geográficas, ou qualquer outra. Fazer missões é em todo lugar enquanto transitando de um lugar para o outro. Missões é no trabalho todo dia, é no ônibus indo pro trabalho, é em casa com a família. Missões não é um lugar, é um estilo de vida. Mas ao mesmo tempo, isso quer dizer investir nas pessoas que vão a outros lugares. Missões é “enquanto indo”.